nestas últimas semanas, não tenho o que escrever. tudo aquilo que preenche a minha mente não pode ser transposto para fora de mim. tento guardar toda esta massa de pensamentos que me incomoda num qualquer compartimento. mas, assim que abro a pequena porta que me separa do que realmente sou, eles tentam fugir. e estão em todo o lado. até nestas desajeitadas mãos que tremem quando escrevo. pergunto-me se estarão no meu cabelo e se será essa a explicação que descansa no meio de tantos emaranhados.
não - o que sou não se transporta para fora de mim. o que me habita também não: percorre-me a espinha, soluça por entre os seus elos e pelos meus dedos. implora-me que se deixe pavonear porque está na flor da idade. e porque, mais tarde, a espinha vai-se curvar e alguns dos elos vão-se partir. os dedos vão ficar ossudos e ainda mais retorcidos. não haverá sítios bonitos para percorrer e o que em mim habita morrerá.
mas digam-me se será correcto ceder à pressão de tais criaturas. se será correcto deixar o que em mim habita livre. ou se, eventualmente, acabarei por ser consumida...
ainda não completei os meus dezoito anos e já o meu medo tem cem.
demasiado lindo.
RépondreSupprimer♥ como consegues
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