20 septembre 2012
criação do heterónimo para português
vivo esta vida porque é a única que posso viver. apesar dos relâmpagos me dizerem que há mais do que céu, sei que estou destinada a viver sob estas nuvens e a explorar este único universo. e que tudo o que está dentro de mim me pertence, mas o que me rodeia é seu como eu sou minha. dou-me à natureza e ela não em quer: inspiro o ar e ele insiste em ser expirado. desembaraço os cabelos e eles entrelaçam-se. toco, mas não possuo. vejo, mas não capto. amo do infinitamente grande ao finitamente pequeno. crio intimidade com as coisas, mas elas não a criam comigo. nem as pessoas.
nasci em fevereiro de 1993. contam-se 19 primaveras e ainda não floresci. em cada inverno gelei. deram-me o nome de melissa e é apenas a ele que respondo. mas esse nome não é meu. nem esse nome pode ser meu.
17 septembre 2012
15 septembre 2012
vómito cósmico
na noite passada sonhei que uma rapariga consumia contidamente o tempo que lhe restava num hospital, sendo o seu corpo consumido por uma doença. grave. terminal, talvez, que na minha cabeça não mando eu. esta rapariga encontrava-se numa sala estranhamente ampla para uma sala de hospital, dividida em duas partes. na primeira, encontrava-se uma audiência. oito filas de cadeiras no seu modo funcionário de serem cadeiras voltadas para a segunda parte, um estrado onde jazia uma cama de lençóis brancos. e na cama jazia a criatura, de cabelos castanhos escuros pelos ombros, simetricamente cortados. e no rosto uma repinha que em tempos fora de menina. e o corpo enfermo. entrei por um corredor perfilado de pessoas, passando a porta que me levaria àquele espectáculo. a audiência estava preenchida por familiares e amigos e todos estavam sentados nas cadeiras. uns conversavam fluente e normalmente. outros olhavam com apatia a pobre doente, que se contorcia em dor e cuspia sangue a cada palavra que tentava dizer. os lençóis não eram já brancos.
contornei as pessoas. aproximei-me dela e toquei-lhe na mão. a audiência ignorou-nos às duas, indiferente e embrenhada nos seus cochichos. desejei-lhe as melhoras e saí. e todos a observavam morrer.
não sei de onde veio este sonho. espero que tenha sido uma espécie de vómito cósmico. ou simplesmente um produto bizarro do mais comum.
8 septembre 2012
gostava de escrever sobre ti ou para ti. mas isso tornaria os meus sentimentos mais reais e palpáveis. como a cadeira sobre a qual me sento. prefiro olhar-te por cima dos meus livros e divertir-me a mudar o número de rotações dos meus discos de vinil enquanto rimos desalmadamente. mas nem tudo é mel: lágrimas salgadas já rolaram dos meus olhos e aterraram no teu peito, aquele contra o qual me encostei tantas vezes. e ainda assim, poucas. não me deixes ver para além dele. vamos sentar-nos no teu telhado e observar o que tivermos de observar. espero que não haja só espaço e estrelas lá fora.
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