tenho acordado fantasmas como quem assina o seu nome. talvez não os tenha acordado e apenas os tenha solto, deixando-os exibir-se na minha frente. mas os fantasmas não se prendem. tão pouco morrem de tão mortos que estão. esquecem-se, talvez, por uns instantes. e quando voltam, voltam com o frio dos dias passados, ainda que estes tenham sido quentes. o problema dos fantasmas é mesmo este: transformam os diamantes em carvão. as recordações mais bonitas assombram-nos e magoam-nos. os corações quentes são congelados. e tudo isto porque os dias eram gentis e a saudade é muita.
talvez precise de voltar a fechar os olhos para não ver toda esta transparência. talvez tente adormecer os meus fantasmas ou, pior ainda, prendê-los. talvez espere que eles por si só sosseguem. talvez espere que partam e que se misturem nos céus cinzentos do inverno. que ingénua que sou.
talvez precise de voltar a fechar os olhos para não ver toda esta transparência. talvez tente adormecer os meus fantasmas ou, pior ainda, prendê-los. talvez espere que eles por si só sosseguem. talvez espere que partam e que se misturem nos céus cinzentos do inverno. que ingénua que sou.
ow que coisa bonita de se dizer. quem tem espírito muito és tu. ♥
RépondreSupprimersim,cortei, marianita :)
RépondreSupprimeré interessante isto dos fantasmas. Todos temos coisas que deveriamos ter dito, coisas que deveriamos ter feito, atitudes que deveriamos de ter mantido, momentos em que o pé deveria ter ficado fincado no chão, deveria de ter criado raizes. Mas não, face a um estranho e sentimental pedido de desculpas (estranho porque para que precisamos de desculpas, basta corrigirmos o que fizemos e abraçar-mos o outro). Mas isso é nos filmes, isso é nos argumentos de série B que populam nos cinemas de hoje em dia, ou que permanecem sossegados nas páginas de um livro, hoje temos o imediato do facebook, o acessório do novo conhecido, hoje temos a necessidade do mais fácil, do perfeito, do cavaleiro no seu cavalo cuja armadura resplandece à luz do sol. Mas e quando o interior do homem está dilacerado, e se o mesmo nunca ultrapassou alguns medos de menino, não deveriamos (devotar ao esquecimento as vozes que se erguem em nosso redor e que sussuram ele é imperfeito, arranjas melhor). Pois se calhar arranja, porém por vezes o destino é irónico, pinta a vida com requintes de malvadez, e se essa pessoa que abandonamos é magnífica? e se é pura como uma criança, e se lá dentro luta contra fantasmas e nós somos o seu único porto de abrigo. Desistir é mais fácil, fugir da tempestadde, do vento que uiva no exterior, abrigarmo-nos da chuva que fustiga, mas e abandonar quem em nós confia? E saber dentro de nós que essa pessoa é magnífica e que provavelmente a nossa desistência fará desmoronar as bases em que assenta a sua vida. Conseguimos dormir à noite? Conseguimos escolher outro alguém, enquanto a pessoa que abraçamos sofre e um dia desistirá de lutar? E quando nada mais resta a não ser desistir?
RépondreSupprimerE quando tudo o que temos é o vazio da casa e a solidão que dilacera?
é verdade que, hoje em dia, a nossa vida se assenta em ilusões proporcionadas pelos filmes e pelos livros. e quando finalmente temos de enfrentar a vida em toda a sua crueldade o embate é imenso e ressoa. mas quando eu me referia a fantasmas, referia-me a saudades. referia-me às recordações que de tão boas que eram se tornaram más... porque não passam de recordações.
Supprimerfico contente por ter respondido dessa forma a este texto e concordo com muito do que está aí. "o vazio da casa e a solidão que dilacera" são, realmente, fantasmas difíceis de adormecer.
que bonito e triste. e os rouxinóis são pássaros tão magníficos..
RépondreSupprimernhom, é o mesmo contigo ♥
RépondreSupprimertambém a mim ehe ♡
RépondreSupprimerawnn muito obrigada Mariana ♡ não conhecia este teu cantinho, é tão bonito e cheio de sentimento.
RépondreSupprimeraw lindinha obrigado. que lindo!
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