tenho acordado fantasmas como quem assina o seu nome. talvez não os tenha acordado e apenas os tenha solto, deixando-os exibir-se na minha frente. mas os fantasmas não se prendem. tão pouco morrem de tão mortos que estão. esquecem-se, talvez, por uns instantes. e quando voltam, voltam com o frio dos dias passados, ainda que estes tenham sido quentes. o problema dos fantasmas é mesmo este: transformam os diamantes em carvão. as recordações mais bonitas assombram-nos e magoam-nos. os corações quentes são congelados. e tudo isto porque os dias eram gentis e a saudade é muita.
talvez precise de voltar a fechar os olhos para não ver toda esta transparência. talvez tente adormecer os meus fantasmas ou, pior ainda, prendê-los. talvez espere que eles por si só sosseguem. talvez espere que partam e que se misturem nos céus cinzentos do inverno. que ingénua que sou.
talvez precise de voltar a fechar os olhos para não ver toda esta transparência. talvez tente adormecer os meus fantasmas ou, pior ainda, prendê-los. talvez espere que eles por si só sosseguem. talvez espere que partam e que se misturem nos céus cinzentos do inverno. que ingénua que sou.