15 janvier 2013

subterrâneo

hoje provei-te e sabias a mar. não sei quanta tristeza tens em ti, mas a suficiente terás para ficares tão salgado. imagino centenas de caves subterrâneas em ti  e que nos teus escombros brincam gatos afugentando ratos. e que todos se banham na tua água salgada. ouço um carpir de mulheres aprisionadas e de crianças que se regozijam rebolando-se nas tuas entranhas. guerras travam-se no lóbulo da tua orelha, entre o que entra e o que exasperada e sinceramente sai pela boca. em ti, crescem árvores que afloram à superfície da pele, com pássaros nos ramos e raízes nos pulmões. há mármore junto dos troncos. há também uma grande fogueira numa cavidade do teu peito, onde as mulheres e as crianças se aquecem e onde o mármore termina a sua transformação, enquanto que lagos na tua superfície secam e o vapor te atravessa pela carne. não existem flores em vasos, mas sim nenúfares pendurados pelas paredes e abelhas coladas nos vidros com mel nas asas. e és tu que acordado ou a dormir proporcionas tudo isto. e sou eu que a qualquer preço entraria numa das tuas caves, onde seria livre a coleccionar borboletas e a colar abelhas. nas janelas. com mel nas asas.

2 commentaires: