24 octobre 2012

irritam-me, as pessoas. e o céu chora comigo.

pensei em dar-te toda a minha admiração e carinho porque nada mais havia de mim para te dar.
cobri-me de futilidades e inutilidades porque não houve outro disfarce que me disfarçasse melhor.
e ao fim ao cabo, cobriu o que eu já era. e querendo eu não ser o que era, tive de o ser a dobrar.

22 octobre 2012

às vezes,

durante a noite, a minha mão direita agarra a minha mão esquerda só para eu pensar que não estou sozinha.

21 octobre 2012

estou cansada e aborrecida.

o dia passou entre grunhidos de decepção e tentativas desesperadas de tornar tudo em ouro.
grunhidos teus. decepção tua. tentativas minhas e ouro de ninguém.

escrevo e não sinto. as palavras não me fluem. 
o mar mistura-se tão bem na areia. quebra na praia.
eu quebro em mim e as palavras não se misturam.

estou aborrecida como a ideia que às vezes tens de mim. desculpa-me se sou mais minha que tua.
mas sou tua. mas sou. mas sou. mas sou...

19 octobre 2012

vou-te lembrar sempre assim:

flores no regaço. estrelas no céu. pálpebras cerradas.

11 octobre 2012

sete-luas / sete-sóis

Fica, enquanto não fores, será sempre tempo de partires, Por que queres tu que eu fique, Porque é preciso, Não é razão que me convença, Se não quiseres ficar, vai-te embora, não te posso obrigar,  Não tenho forças que me levem daqui, deitaste-me um encanto, Não deitei tal, não disse uma palavra, não te toquei, Olhaste-me por dentro, Juro que nunca te olharei por dentro, Juras que não o farás e já o fizeste, Não sabes de que estás a falar, não te olhei por dentro, Se eu ficar, onde durmo. Comigo.

4 octobre 2012

mind you, sometimes the angels smoke, hiding it with their sleeves. and when the archangel comes, they throw the cigarettes away: that’s when you get shooting stars. - Vladimir Nabokov

2 octobre 2012

fosse eu como a Blimunda e te olhasse por dentro.
transportasses tu sete sóis e me desses um. para te olhar melhor. por dentro.